A camisa pesou

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Que jogo amigos, que jogo. Não precisava disso. O Chile é uma seleção muito boa, muito técnica, raçuda e que incomoda os grandes. Mas isso aqui é Brasil, isso é Copa do Mundo, a camisa pesa, a tradição fala mais alto, competição de tiro curto, amigo, tem que saber jogar.

É claro que o esquema da Seleção ainda não existe, o Brasil é uma bando em campo que se lança ao ataque sem qualquer disciplina. As jogadas laterais não existem, o meio campo criativo está sem inspiração e o ataque sofre com marcação forte e sem ver a bola chegar com qualidade. Hulk infelizmente estragou sua partida com a falha que originou o gol chileno e ao perder o pênalti. Uma injustiça pois foi a melhor partida dele na Copa e o segundo melhor jogador em campo.

Quem foi o primeiro? Precisa falar? Julio Cesar fechou o gol e se agigantou quando o Brasil mais precisou dele. No segundo tempo pegou um chute forte na base do reflexo e fez uma das defesas mais lindas da Copa. Na disputa de pênaltis foi herói, foi o cara que o Brasil precisou e não fugiu da responsabilidade, que continue assim. Porque foi só as oitavas de final.

Felipão, por favor, não viaje na maionese. Sério, Jô? Tirar o Fred em um jogo que a disputa de pênalti era uma realidade provável e que as jogadas no ataque não chegavam com qualidade? Sério, Jô? Me diz uma jogada que ele tenha acertado. Até um simples passe pro lado para o companheiro a menos de 2 metros ele errou. Jô não é seleção, o Fred não é o problema. Copa do mundo não consagra medíocres.

Assim como Luizão em 2002 não fez nada, Jô também não fará. Acerta esse meio campo, porque quando o Brasil jogou sério e tocou a bola com qualidade, o ataque se mostrou eficiente e o centroavante da Seleção marcou gol e não saiu de campo. Em Copa do Mundo não se brinca, não se aposta. E pra você que critica o Fred só porque ele é do Fluminense, pergunto que centroavante tem melhor aproveitamento que ele pra ser o absoluto na posição? Quando você vaia o Fred, o Jô fica mais um minuto em campo.

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Punido por ser incomum

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O atacante Luis Suárez, do Uruguai, foi punido com nove jogos de suspensão em Copas do Mundo e proibido por quatro meses de exercer qualquer atividade ligada a futebol. Em outras palavras, Suárez está fora da Copa e dos primeiros jogos da eliminatória para a Copa de 2018.

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Com certeza ele merece ser punido, mas não concordo que nove jogos seja a punição ideal. Não preciso ir muito longe (talvez sim), para lembra-los que Leonardo ficou fora da Copa ao acertar uma cotovelada em Tab Ramos, dos EUA e mais cinco meses suspenso. Uma agressão tão violenta que deixou o jogador americano com fraturas no crânio e maxilar. Não lembra do lance? Clique aqui. Isso sim foi uma punição justa.

Ontem no jogo entre França e Equador, três jogadores franceses agrediram os adversários com cotoveladas e se quer tomaram amarelo. A expulsão ficou por conta do jogador Antônio Valência que em uma dividida pisou na bola e a sola da chuteira escorregou, sem intenção, na perna do adversário. Lance forte, mas não violência gratuita. E como vão ficar as cotoveladas? Será que vai ter punição?

A babaquice começa quando separamos tipos de agressão por ser comum ou incomum. Cotoveladas, soladas e cabeçadas são agressões violentas, mas “comuns” no futebol. Cuspida, mordida e xingamentos (tirando o racismo) são considerados agressões incomuns e punidas mais severamente.

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Em 2011 em um Fla x Flu, o jogador do Flamengo, Renato Abreu, deu uma cotovelada no rosto do atacante do Fluminense, Rafael Moura que saiu sangrando de campo, ainda no primeiro tempo. Indignado com a impunidade, em um jogo recheado de polêmicas, Rafael Moura cuspiu na cara do jogador. Mesmo com inúmeras câmeras provando a agressão de Renato Abreu, só Rafael Moura foi punido em campo e ainda pegou um gancho de seis partidas, que depois foram reduzidas para duas (eu nem reclamei muito, porque ele fora do time ajudou bastante). Vídeo.

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Em 2006, O atacante inglês Jermain Defoe mordeu Mascherano em partida válida pelo campeonato inglês. A punição ao jogador foi um cartão amarelo e nada mais. Por que dois pesos e duas medidas?

E não preciso lembra-los de que no primeiro jogo do Brasil, Neymar lançou o cotovelo no jogador da Croácia e recebeu apenas o cartão amarelo. Está na hora de punir como tem que ser punido lances como esses e não apenas quando ganham capa de jornal pela agressão ser incomum. Suárez suspenso da Copa pela FIFA. Boateng e Muntari expulsos pela federação de Gana. A Copa perdeu um pouco da graça.

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Neymar tocou a bola e o Fred te pegou

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Está comprovado, a Seleção só joga bem quando precisa do resultado ou quando se vê pressionada e isso é muito bom. Ontem não teve brincadeira em excesso, foi jogo sério, foi jogo de Copa do Mundo.

O que todos estavam querendo aconteceu: Neymar tocou a bola. Uma partida muito boa do cara que todos querem ver brilhar na Copa. Ontem ele mereceu os elogios e foi o melhor da partida.

Quem entende de futebol sabe que a Seleção Brasileira só joga sério Copa do Mundo e joga muito melhor quando está pressionada. Sempre quando fomos campeões do mundo, antes da Copa, a mídia e o povo desconfiavam do time. Ano passado na Copa das Confederações ninguém acreditava no título e que o Brasil ganharia com o pé nas costas a competição. O time jogou com garra, a torcida abraçou a causa e sobrou em campo.

Nas duas primeiras partidas da Copa a Seleção entrou com um clima de “já ganhou”, não o fez bom jogos e a desconfiança voltou. Ontem foi diferente. A Seleção jogou com personalidade e me fez lembrar de 2002. Se esse espírito permanecer nos próximos jogos não tem adversário que consiga ganhar do Brasil.

Vamos pegar o Chile e isso me deixa preocupado. Justamente porque é um adversário que já ganhamos muitas vezes em Copa do Mundo e que nessa edição está muito forte. O clima de tranquilidade e falsa segurança podem atrapalhar nas oitavas. Pegar a Holanda manteria o foco da Seleção e o espírito guerreiro do time.

Fred finalmente desencantou, buscou as jogadas, se posicionou bem, mostrou porque tem a confiança do Felipão, te pegou e ainda fez sete filhos na comemoração do gol. Estamos no caminho do hexa.

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Não adianta culpar o Fred

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Eu não via a Seleção Brasileira jogar mal assim desde a época do Mano Menezes. Ontem aquele bando em campo me fez lembrar, inclusive, da época em que Leão era o técnico. Acredito que, junto com todas as partidas que desses dois técnicos citados, o jogo de ontem entra pro hall dos piores já jogados pela Seleção.

Diferentemente da Copa das Confederações, ontem o time estava desentrosado, nervoso e sem qualquer comunicação entre os jogadores. Não encaixava uma jogada, poucos passes acertados e muitos contra ataques sofridos diante da seleção mexicana. Oscar há algum tempo não vejo aparecer naquele meio campo. Jogou muito bem contra a Croácia, mas tirando o primeiro jogo da Copa não lembro dele ter jogado bem pela Seleção, inclusive na Copa das Confederações.

Não da pra chegar na metade do campo, rifar a bola pra frente e esperar que o centroavante faça milagre. Ontem foi assim, quase o jogo todo. Ochoa garantiu o empate? Garantiu. Foi o melhor da partida, fechou o gol e nem se o jogo continuasse até agora o placar seria alterado. Tudo porque Felipão parece que não tem jogada diferente do que cruzar pra área. Nenhum lance foi pensado.

Neymar é isso que vocês estão vendo. Pega a bola, passa o pé por cima dela, tenta fazer fila, cai e desperdiça um ataque que poderia resultar em gol. Não adianta colocar a culpa no Fred se a bola não chega no ataque. A função do centroavante é simples: fazer gol. A bola precisa chegar até ele. Quem é responsável por isso? Meias, pontas e laterais, ou seja, Oscar e Neymar, Daniel Alves e Marcelo.

O Oscar tenta, mas é lento pra pensar, pra driblar, pra puxar contra ataque e erra muito passe. O Neymar, ah o Neymar, ele é rápido pra driblar, pra puxar contra ataque, pra pegar a bola e ficar com ela e ficar com ela e ficar com ela, dar volta em torno de si, permanecer com a posse da bola mesmo que esteja marcado por cinco adversários. Tocar a bola? Neymar não sabe o que é isso. Falaram que ele é o melhor jogador do time e no dicionário dele isso quer dizer resolver sozinho e se esquecer que futebol é um esporte coletivo. Antes do início da Copa eu cantei a pedra. Marcelo e Daniel Alves precisam parar de firulinha e ir pra cima.

Existe ainda um clubismo muito forte nos torcedores brasileiros. O Fred fica impedido, erra uma jogada e a torcida pega no pé. O Jô é ruim mesmo, mas ontem se movimentou melhor, mostrou mais disposição. O Felipão garantiu o Fred e isso parece que tirou dele a vontade de mostrar serviço. É claro que não adianta reclamar do Fred se a bola não chega até o cara. Fred é jogador do Fluminense, mas hoje ele é da Seleção, tem que apoiar, porque em apenas um lance ele faz o gol, faz um filho e ainda vai te pegar.

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Menos Neymar, muito menos

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Um excelente jogador. Craque? Não. Tem gente que acha o contrário, respeito a opinião, mas discordo veementemente. Neymar ainda não é nada, embora os meios de comunicação queiram empurrar garganta adentro que o cara é o melhor do mundo. Craque é Pelé, Tostão, Garrincha, Romário, Ronaldinho, Rivelino, Gerson… Neymar caminha para isso.

Grande parte do que sai na mídia a respeito do jogador é exagero, mas a culpa não é dele. Neymar é a principal estrela da Seleção, isso ninguém duvida, mas estrela em que sentido? No sentido de que ele é o melhor jogador ou porque atrai todos os holofotes?

Enquanto esteve no Brasil o time do Santos era Neymar e mais 10. Na Espanha, por aqui, é o Barcelona de Neymar, por lá, ele é contestado, vaiado e cobrado pela imprensa. Entendo que isso é técnica pra chamar o leitor brasileiro a clicar na matéria ou ler o jornal, mas quando o torcedor compra essa mentira fica perigoso.

O sucesso regional cresceu à cabeça do garoto. Jogar contra o Naviraiense, golear de 10×0 e fazer golaço, é fácil. Ele é completamente irritante quando joga pela Seleção e apenas mais um no Barcelona. A humildade com que ele entra em campos espanhóis não é a mesma quando veste a amarelinha. Ele simplesmente não toca a bola e quer fazer de todo lance uma jogada genial. Poucos entendem isso, poucos divulgam isso. Parece que falar qualquer coisa diferente de “Neymar é um craque, joga muito bem” está proibida.

A Seleção joga para o Neymar, mas Neymar não joga para a Seleção. Não adianta dar um drible genial se depois ele prende e perde a posse de bola. Às vezes eu penso que o Felipão tem medo de tirá-lo de campo quando está jogando mal ou tem medo de dar um esporro no cara ou simplesmente é pressão de patrocinadores para que ele jogue 90 minutos de partida.

Se o Brasil for campeão, vamos ter que aturar, sendo fundamental ou não, a carinha dele estampando tudo que é notícia dizendo “O Brasil de Neymar”. Tomara que ele jogue bem e ajude o Brasil a vencer a Copa e tomara que ele baixe essa bola e jogue para o time, que faz de tudo pra ele brilhar e não recebe os merecidos créditos. Porque quando ele dá uma pedalada e perde a bola é a zaga que tem que segurar o contra ataque do adversário pra salvar a pele dele.

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Na dúvida, é deles

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“Já joguei no Flamengo. Na dúvida, é deles”. Foi o que disse o meia Felipe, então jogador do Vasco, após o clássico contra o Flamengo em 2011 que terminou em 1 x 1.

Seria um típico comentário de torcedor de cabeça quente sem importância, se não fosse ele um ex-jogador do clube da Gávea. Felipe jogou pelo Flamengo em 2003 e 2004 e uma das lições tiradas refletiu na declaração anterior. Frase polêmica que pode ser muito bem colocada no momento atual.

Dois lances iguais, duas medidas diferentes. O que me deixa curioso é ver a reação de torcedores rubro-negros que há menos de uma semana ecoavam gritos de ética e moral, ainda sobre o caso do Flamengo/Lusa/STJD.

É engraçado ler postagens dos torcedores e depoimentos dos dirigentes do clube da Gávea dizendo lutar pela moralidade do futebol e dizer que se fosse com o Flamengo, além de não comemorar a vitória ainda devolveria os pontos ou o resultado. Bom, aí está a oportunidade.

Afinal, quando enchiam o peito pra falar de como foi vergonhoso o Fluminense permanecer na série A, mas mostraram orgulho em vencer não pela competência e sim através de um erro, era disso que estávamos falando. Vento que venta aqui, venta lá. É teto de vidro. É futebol. Erros acontecem ora a favor, ora contra, nem por isso é roubo, mas as vezes fica aquela dúvida, “E se fosse ao contrário…”

Ontem o discurso era sobre moralismo, ética e virada de mesa. Hoje é melhor deixar esses assuntos “morrerem”, porque o cara do apito deu uma ajudinha e fica feio comemorar e continuar com o discurso de agir corretamente.

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Em tempo:

Fred e Ronaldo: 0,9 gols por jogo.

Romário: 0,95 gols por jogo.

Pelé: 1 gol por jogo.

Walter: 1 gol a cada 12 minutos.

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Os cm que fizeram diferença (Pra que servem os juízes de linha de fundo?)

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Não adianta reclamar, três pontos pro Flamengo e acabou. Foi justo? Se você ainda se pergunta sobre justiça em um resultado de futebol volte cinco casas e fique três rodadas sem jogar.

O que resta discutir, como sempre, é a (im) capacidade dos juízes de apitarem sem um erro que influencie o resultado do jogo. Errar é humano, mas aplicar dois pesos e duas medidas na mesma partida pra um lance igual é sacanagem. Não se justifica um erro com outro, mas já poderiam evitar esse tipo de polêmica com medidas simples.

Para que servem os juízes de linha de fundo? Eles não têm comunicação com o juiz principal, não tem bandeirinha pra indicar uma infração ou assinalar que a bola entrou ou não e não tem voz ativa durante a partida para poupar o árbitro de errar. A verdade é os centímetros de ontem foram mais importantes do que a presença desses juízes em campo.

O que aconteceu no Flamengo x Vasco é inadmissível. Já passou da hora de implementar os famosos chips dentro da bola.

O Vasco jogou melhor, mas foi o Flamengo que levou o clássico. Futebol, nada mais… Poderia ser diferente, mas 33 cm foram determinantes para que o foco das discussões fosse um erro de arbitragem e não a virada do rubro-negro. Para os vencedores ou louros da vitória e o direito de zoar os rivais, para os perdedores o discurso de que, contra o Flamengo, é sempre assim.

Os juízes não serão punidos pelo erro e ai eu lanço uma pergunta: quando um jogador de futebol é expulso ele enfrenta um julgamento que pode puni-lo com mais de um jogo de suspenção. Por que quando o juiz erra, ele não é punido? Por que a Federação de arbitragem vai passar a mão na cabeça do juiz?

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Pausa no paraíso para alimentar uma polêmica sem fim

Uma pausa dos relatos de 11 dias no paraíso para esclarecer (não que de fato precise, mas se alguém ainda tem dúvida) o real motivo que levou a toda confusão do campeonato brasileiro.

Embora eu seja contra em divulgar teoria da conspiração, embora eu tenha dado por encerrada as discussões no Blogg, fica difícil não deixar de escrever sobre toda essa papagaiada que “jornalistas” como Juca Kfouri, Mauro César, André Risek entre muitos outros, insistem em fazer.

Amigos, jornalista trabalha com fatos. Não adianta falar mal de um time como se fosse um torcedor em mesa de bar e não provar. Quer chamar de tapetão, quer escrachar o Fluminense e pintar de vilão? Pode fazer, mas por favor respeite a cartilha jornalística de ouvir todos os lados.

Sei que não é interessante ir contra a maré porque o que todos querem é ler que o Fluminense é o grande vilão. Mas aqui nesse Blogg tem jornalista sério, com caráter e com muito culhão pra enfrentar esses e outros babacas já citados.

Engraçado que quando as liminares concedidas pela justiça comum aos torcedores de lusa e flamengo, os sites de notícia colocaram como destaque por mais de um dia, mas quando elas foram derrubadas, nem se quer uma nota.

Abaixo um vídeo que deixa uma dúvida no ar sobre a incrível coincidência de dois jogadores serem escalados irregularmente na mesma rodada (inédito no Brasileirão). Quem vai se interessar em investigar?

“Incrível como tricolor tem argumento pra tudo”, eu já vi uma flamenguista escrever. Na verdade não é argumento, nossas respostas são escritas com fatos e contra fatos não existem argumentos.

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É só futebol

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Cabe recurso, mas parece definitiva a decisão: Portuguesa e Flamengo perdem quatro pontos por escalar irregularmente Héverton e André Santos, respectivamente. A decisão muda a parte de baixo na tabela. Fluminense volta à série A, dá lugar a Portuguesa e ultrapassa o Flamengo.

Foi justo? Depende do ponto de vista. No futebol não existe justiça, existe amor, paixão, nervos à flor da pele e rivalidade. Pergunte a qualquer torcedor do Fluminense se foi merecido o time escapar da degola. Respondo por mim: não foi, óbvio que não. Queria mais que o time caísse e conquistasse o acesso pelas próprias forças. Mas por questão de justiça rasga-se o regulamento? Que justiça? Justiça de torcedor que quer passar por cima das leis pra ver o rival rebaixado? Isso não é justiça.

Futebol se ganha no campo e não na canetada. Correto, mas quando é flagrada alguma irregularidade vamos fingir que nada aconteceu porque não é o correto? Se for assim, devolvam as medalhas de Lance Armstrong, Ben Johnson, Rebeca Gusmão e tantos outros atletas pegos no antidoping, afinal o que vale é o resultado conquistado nas pistas ou piscinas e não na canetada.

Fomos educados sobre valores morais e éticos de que sempre deve prevalecer a lei e a verdade. Mas para algumas pessoas não importa se a lei é descumprida, desde que elas se deem bem. Afinal, dar um jeitinho de furar fila em boate, Detran, banco e etc não é ilegal, é um jeitinho brasileiro. Você que conseguiu passar no vestibular porque o candidato à sua frente foi pego com alguma irregularidade, foi justo você herdar a vaga dele ou ainda acha que o que vale é na hora do “vamos ver”?

Nossa capacidade de pensar perde força quando o assunto é futebol. Às custas de quebrar o regulamento, o sentimento clubista fala mais alto. A verdade é que todos queriam ver o Fluminense rebaixado, mas não acreditavam na sorte do clube, mais uma vez. Três vezes foi demais. Mas fazer o que se Portuguesa e Flamengo infringiram o regulamento?

Muitas pessoas dizem que não irão acompanhar mais o futebol, que isso é uma vergonha. Parem com esse chilique. Ano que vem a torcida continua assim que começar os estaduais, as arquibancadas estarão lotadas e todo mundo de verde amarelo torcendo pelo Brasil na Copa. Façam o seguinte: quando tiver jogo contra o Fluminense construam um mosaico provocativo, vaiem o time por 90 minutos e criem músicas de protesto. Mas pelo amor de todos os santos, acalmem os ânimos, parem de brigar à toa. Isso é só futebol.

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Rivaldo – O herói oculto

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Há muito tempo que eu quero escrever sobre um dos grandes craques que já vestiu a amarelinha e a representou muito bem, sendo importantíssimo para o penta, em 2002. Em muitas reportagens sobre craques brasileiros, títulos de Copas do Mundo, poucos jogadores são tão injustamente esquecidos como Rivaldo.

Sacanagem. O cara é um craque. Tudo bem que eu tinha raiva dele, quando era mais novo, porque toda vez que pegava na bola atrapalhava muitos contra ataques, era lento e irritante. Mas tudo o que o cara fez pela seleção e pelos clubes em que jogou não pode ser esquecido simplesmente porque o marketing de alguns jogadores sobressai sua história.

Rivaldo foi craque no Palmeiras, no Barcelona e na Seleção Brasileira. Jogou no Milan, Olimpiakos, Cruzeiro, São Paulo, São Caetano e Mogi Mirim, mas sua estrela brilhou mesmo nos três primeiros times. Na Copa da França, Rivaldo era um armador de luxo e quando a situação apertava tirava um passe da cartola ou um gol salvador, como que selou a classificação diante da forte Dinamarca dos irmãos Laudrup, para as semifinais. Rivaldo era frio e não tremia diante das decisões.

Mas foi em 2002 que se consagrou, ou pelo menos assim deveria ser considerado por toda a imprensa. Para mim o segundo jogador mais importante do Brasil, em alguns momentos o mais importante. Rivaldo lançou Ronaldinho para o primeiro gol do Brasil na Copa da Coréia e Japão, cavou expulsão de jogador com um jogo de cena tosco, fez o gol da virada daquela partida. Ele era o cara que fazia gol quando era mais preciso e quando nossos principais craques sumiam do jogo.

Quem não se lembra da partida duríssima contra a Bélgica pelas oitavas de final? A Bélgica pressionou o Brasil durante todo o jogo. Coube a Rivaldo acertar um lindo chute de fora da área e dar tranquilidade a uma partida nervosa que só ficou ainda mais tranquila com o segundo gol, feito por Ronaldo Fenômeno. Nas quartas, foi ainda mais decisivo. Contra uma Inglaterra fechada e ainda mais retrancada após o gol, o Brasil não fazia uma boa partida e os jogadores se mostraram nervosos e ansiosos. Rivaldo, um mago com a bola nos pés, era o cara dos gols precisos. Depois de uma linda arrancada de Ronaldinho Gaúcho, um chute colocado empataria o jogo e devolveria a calma e o futebol bonito da seleção de 2002.

A cereja do bolo veio na final da Copa. Um chute de fora da área com um veneno para impossibilitar uma defesa fácil de Oliver Khan e deixar a estrela de Ronaldinho brilhar. Com o jogo já 1 x 0, no segundo tempo, Rivaldo que costumava prender a bola sempre que podia, teve um lapso de humildade. O gol do título era dele, era o destino, tudo que queria e sempre sonhou. Mas uma voz atrás dele tirou sua glória e o colocou no armário do esquecimento dos grandes craques do futebol brasileiro. Quando Ronaldinho gritou “deixa”, Rivaldo desistiu de qualquer glória em prol do time e da consagração do colega de seleção. Ao deixar passar a bola enganando os dois zagueiros da Alemanha, Rivaldo tornou-se aquele herói oculto, que todos sabem que foi importante, mas poucos se lembram. Era seu destino.

Fica aqui o meu muito obrigado por tudo o que fez pelo futebol brasileiro, Rivaldo. Seu profissionalismo, sua garra, sua raça, sua precisão cirúrgica, seus golaços e sua estrela para fazer brilhar a estrela dos outros. A Copa de 2002 foi mais sua do que de muitos jogadores. Talvez tenha faltado a você, Rivaldo, algumas cambalhotas na comemoração do Penta, quem sabe assim você seria mais lembrado pela imprensa. No Hall da fama de perfeitos camisas 10 da seleção, você tem lugar garantido.

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